(...) Não sei porque, mas faltam as palavras. Sei que elas estão aqui, mas também sei que não saem. Como queres que expresse o inexpressável? Como queres que explique o inexplicável? E se eu te disser que estou a chorar mas que não saem lágrimas dos meus olhos? E se eu te disser que hoje já sorri mas que 20 ou 30 vezes até? Será que se tornará mais fácil para ti perceberes? Sei eu bem que não, infelizmente. Não há razão para te preocupares, não és o único nem nunca serás a não perceber o porquê de tudo isto. Acho que eu nem própria sei. Sempre fui assim, para além do compreensível. Confesso que gosto até, por vezes. Não as outras? Vou aguentando, tal como hoje, como ontem e como amanhá, talvez. E tu? Conseguirias contar apenas contigo próprio? Durante quase vinte anos? Exagero meu? Não. Injusta? Não. Ingrata? Muito menos. Longe de mim até. Sei bem a quem tenho a dizer obrigada. Mas antes de muita gente, eu! Que a cada dia provo a mim mesma que tenho uma força que nunca imaginarei que teria. Não, nem toda a gente teria aguentado tanto como eu. Nem de perto, nem de longe. Se vou ceder? Talvez, um dia. Só o futuro me dirá. E, apesar de hoje ter estado perto disso, agora sei que ainda não foi desta. E, oh como eu queria que elas caissem. Como eu queria tanto expulsar esta dor. Para que vá embora por uns tempos. E para que possa acordar amanhã. Não de outra maneira senão, a sorrir.